Prática

O Kyudo é uma arte fundamentalmente simples, consistindo apenas de oito movimentos. A sua prática requer somente que o corpo esteja direito, alinhado com o alvo, e se atire com presença de espírito, de forma pura e com significado.

H. Onuma, Hanshi, 9º Dan (1910-1990)

A prática do Kyudo assenta numa sequência de oito movimentos – o HASSETSU – estabelecida de acordo com a natureza e estrutura do corpo humano, permitindo facilidade e fluidez na abertura do arco.

De igual forma, a entrada, a aproximação à linha de tiro, e a saída, são executados segundo um conjunto de movimentos estabelecidos – o KIHONTAI. As acções básicas do corpo humano – andar, sentar, levantar, virar – são realizados com a postura correcta e seguindo o ritmo natural da respiração, permitindo a harmonização entre os diversos praticantes de acordo com os princípios da etiqueta.

Hassetsu: os oito movimentos do Kyudo

Ashibumi – Dozukuri – Yugamae – Uchiokoshi – Hikiwake – Kai – Hanare – Zanshin

O Hassetsu é a sequência de movimentos executados durante o tiro (ver vídeo acima). Apesar da divisao como oito movimentos, o Hassetsu deve ser entendido como uma única acçao contínua. Cada movimento começa no movimento anterior, e prolonga-se no movimento seguinte.

No seu conjunto, o Hassetsu reflecte o conhecimento e a experiência de ensino das gerações passadas de mestres arqueiros e são a forma mais fácil e eficiente de aprender a técnica do kyudo e o procedimento de tiro. Esta sequência, para além de garantir a abertura do arco de uma forma natural e utilizando o mínimo de força muscular, tem, também, como objectivo garantir uma forma comum a todos os praticantes.

Apesar da simplicidade dos movimentos, cada um desempenha um papel fundamental na qualidade do tiro. A prática consciente e diligente é fundamental para aprofundar o entendimento de cada momento do Hassetsu e do seu papel ao longo de todo o processo.

Ashibumi

Abertura e colocação dos pés.

Dozukuri

Postura do corpo.

Yugamae

Preparação do arco e da flecha para o tiro.

Compreende três movimentos principais: Torikake – colocar a luva (mão direita) –, Tenouchi – colocar a mão esquerda – e Monomi – olhar o alvo.

Uchiokoshi

Levantar o arco.

Hikiwake

Abertura do arco e da flecha, de igual forma para ambos lados.

Hikiwake tem um primeiro movimento designado Daisan em que o arco é aberto para a esquerda enquanto o braço direito se dobra no cotovelo. A flecha permanece horizontal e a abertura do arco corresponde a cerca de metade do comprimento da flecha.

Num segundo momento, inicia-se a abertura completa do arco.

Kai

Momento em que se atinge a abertura completa do arco e da flecha. Apesar de ser uma postura aparentemente estática, Kai deve ser entendido e praticado como se a abertura do arco não parasse, e continuasse numa extensão infinita para ambos lados. É o momento em que a decisão, a força de vontade e o trabalho conjunto da mente e do espírito são decisivos para a qualidade do tiro.

É neste momento que a flecha atinge o ponto em que fica alinhada com o alvo (Nerai).

Hanare

Momento de partida da flecha. Trata-se de uma acção que resulta de uma expansão interior ao longo da flecha, e não de um movimento ou impulso deliberado de abertura da mão e dos dedos.

Zanshin

Permanência – do corpo e do espírito. Esta postura final, apesar da aparência estática, é da maior importância pois revela o estado interior do corpo e do espírito durante todo o processo de tiro. Em Zanshin, é como se a manutenção consciente da forma e da consciência mental e espiritual, fosse o prolongamento do tiro, o seu eco, uma reverberação que permanece. O equilíbrio do corpo, a atenção ao momento, a condição de alerta são essenciais em Zanshin. Mais do que um momento que antecede a saída ou o fim, ele é o prolongamento do tiro.

Incluídos em Zanshin estão:

. Yudaoshi: baixar do arco,

. Monomi-gaeshi: retornar o olhar em frente.

Ambos devem ser executados mantendo a postura, atenção, firmeza e consciência de Zanshin.